Apresento-lhes o cidadão Guimaldo Oliveira, eu...
Nasci no meio rural do município de Itacambira-MG. Sou o penúltimo filho de treze gestações. Meus pais, pessoas humildes, que lavravam a terra para nossa própria subsistência. O que produzíamos, e sobrava da despesa, era transportado em lombo de burros até a cidade mais próxima, onde era vendido e o dinheiro usado para adquirir os produtos industrializados básicos que precisamos, tais como: O pano para fazer a roupa, o sal, o querosene e às vezes o remédio.
O querosene era para colocar nas lamparinas, que iluminava nossas curtas noites, a fraca luz que nos acompanhava criando imagens nas paredes até o adormecer. Quando faltava o querosene, utilizávamos o óleo de mamona que nós mesmos produzíamos, socando os caroços, e tinha o pavio de algodão que também tecíamos, ou melhor, torcíamos; era só colocar o fogo e pronto, tínhamos luz, fraquinha, mas o suficiente.
A água para uso doméstico, era apanhada no rio. Fazíamos um bom exercício transportando a água em latas de vinte litros, cheias, sobre a cabeça.
A escola onde comecei a estudar ficava a cerca de doze quilômetros de onde morávamos. E íamos e voltávamos a pé. Íamos cedo e só voltávamos à noite. Lá aprendi a tabuada “de trás para frente e de frente pra trás”. Isto ainda me ajuda muito no dia a dia. Calcei o meu primeiro sapato quando tinha dezessete anos, honrosamente fruto do meu próprio trabalho.
Vim para Montes Claros em 1970, não porque planejei isto, mas porque precisava de cuidados médicos. Chegando aqui, vi e me encantei com a eletricidade.Estudei no colégio Marista São José da quinta à oitava série, pagando a mensalidade com recursos oriundos do meu trabalho como eletricista predial. Ainda, entusiasmado em ampliar meus conhecimentos na minha área de interesse, consegui uma vaga na Escola Técnica, onde conclui o curso técnico em eletrotécnica.
Trabalhei na manutenção elétrica da fábrica de cimento Montes Claros, no período de 1978 a 1986. Também, no período entre fevereiro de 1985 a março de 1988, conciliava minhas atividades, ministrando aulas na Fundação Educacional Norte de Minas – Escola Técnica, no curso de comandos elétricos.
Em sociedade com dois engenheiros, constituímos uma empreiteira para prestar serviços à CEMIG. Não deu certo. Tínhamos uma dívida na rede bancaria e de um dia para outro ela foi majorada em 70% devido à inflação do período do governo de José Sarnei. Perdi tudo que havia ganho como empregado.
Por iniciativa própria, pesquisei e identifiquei a necessidade que os órgãos públicos da nossa cidade e região, tinham de profissionais, locados aqui, para prestarem serviços específicos de manutenção elétrica. A propósito, minha especialidade.
Assim, em 1987 constitui a KGF - CONSTRUÇÃO E MANUTENÇÃO ELÉTRICA. Trabalhávamos intensivamente para os bancos do Brasil, Itaú e Nordeste, fazendo manutenção em subestações, grupos geradores, manutenção em instalações elétricas e hidrosanitária e instalação de infra-estrutura para automação das agências. Não trabalhávamos para as indústrias. Ainda não existia a cultura da terceirização.
A KGF existe até hoje com a mesma razão social, honrando religiosamente os compromissos com os colaboradores, clientes e com o governo.
Sempre busquei fazer algo novo e diferente para não continuar na mesmice. Penso que tudo que se faz, é possível fazer ainda melhor, aprimorar sempre. Penso também que isso só depende dos nossos próprios esforços, independentemente dos aplausos, mas do fazer valer o sentido da nossa própria existência.
Vivia inconformado com a qualidade dos banhos em função da má qualidade dos chuveiros elétricos disponíveis no mercado. Disse para mim e para as pessoas do meu convívio: “vou fazer um chuveiro melhor, que ofereça maior vazão de água, melhor controle de temperatura, maior rendimento, que provoque menos impacto no sistema elétrico e que se ajuste melhor ao clima de cada região.”
Enfrentei muitas barreiras tanto do ponto de vista da engenharia do equipamento quanto das implicações legais pertinentes ao lançamento de um produto. Tais como: patente, definição de materiais apropriados, fornecedores e outros.
Era muito comum ouvir de algumas pessoas: “quem é você para fazer um chuveiro?” Não desanimei. Consegui, com base em persistência e muita vontade, materializar minhas ideias. Em 2000, data marcante da virada do milênio, já tinha condição de lançar o meu chuveiro no mercado. Para isto, constitui a CEMAPI INDUSTRIA E COMERCIO DE AQUECEDORES ELÉTRICOS.
Hoje já sou visto como um fabricante de chuveiro. Ainda não consegui chegar onde pretendo. Gerar pelo menos cem empregos em Montes Claros. Nosso primeiro chuveiro não nos deu esta condição. Tem grande qualidade, mas não foi possível massifica-lo, devido ao preço. É um desafio hercúleo associar alta qualidade de um equipamento com preço no nível da expectativa do cliente. Mas, nem isso me desanimou. Tomei como um próximo desafio colocar no mercado um chuveiro com boa qualidade, baixo custo, consumível pela massa e fazer a distribuição do mesmo para todo o território nacional até 2015. Eis a nossa visão de futuro! Já identifiquei as possibilidades e as dificuldades.
Em função disto, vivo praticamente recluso no ambiente de trabalho. Começo a trabalhar cedo. Chego todos os dias na empresa antes das sete horas e saio sempre após as vinte horas. Começo cedo para aproveitar a minha mente descansada em função do repouso noturno. É a hora que tenho as melhores ideias. Continuo trabalhando depois do expediente em função de me oferecer mais tranquilidade dado a ausência das interferências externas. Por exemplo, o telefone que é o campeão em quebrar nosso raciocínio.
Não tenho feito opção por tirar férias desde que deixei de ser empregado. As poucas vezes que fiz isto foram no máximo sete dias no ano. Dizem-me muito, você vai morrer de trabalhar. Penso o contrario. As pessoas morrem é de tédio e por falta de objetivos na vida, pela sensação de insignificância. Gostaria muito de morrer trabalhando e me sentido útil na sociedade que vivo.
Procuro viver com os pés no chão. Tudo que fiz, foi com recurso próprio. Ainda não atingi o nível de organização e desenvolvimento que pretendo porque só ponho a mão onde o braço alcança. Para acelerar meus processos, teria que contrair dívidas junto aos bancos. Isto ainda me deixa apreensivo dado à falta de regras claras na política brasileira.
Tenho conseguido sobreviver na iniciativa privada com um relativo sucesso, dado ao cumprimento dos compromissos assumidos. Tenho colocado sempre a qualidade em primeiro lugar. Procuro pagar em dia os fornecedores, colaboradores e o fisco. Não deixo o cliente na mão. Sob pena de perder rentabilidade na venda. Primeiro reputação.
Quando se fala em qualidade ela tem que ser completa. Do início ao fim. O produto, a pontualidade na entrega, fornecimento de peças sobressalentes, a garantia do produto, etc. isto é que dá consistência ao conceito da qualidade.
Devo acrescentar, com muita satisfação, que estes desafios representam pra mim muitos motivos para continuar, prosperar, ir além, enfim ter orgulho da minha trajetória profissional.
Minha estratégia empresarial é firmar no mercado como um industrial. Gerar muitos empregos, pagar impostos e lutar pela justa aplicação deles no desenvolvimento do nosso BRASIL. Desenvolver e implementar novos produtos capazes de possibilitar às pessoas conforto, satisfação e a percepção direta de sua contribuição para a conservação dos recursos naturais. Sabendo que assim estaremos, eu, meus colaboradores, clientes e fornecedores, conquistando dias melhores e prolongando a existência do nosso planeta.
Sou pai de três filhos que muito me orgulham: o Guilherme, Marcelo e a Ana Paula. Já fiz muito boas coisas que justificam a minha existência, mas com coragem, honestidade, trabalho inteligente e obediência às leis de Deus, ainda farei muito mais. Que assim seja!
Quando se fala em qualidade ela tem que ser completa.
Do início ao fim. O produto, a pontualidade na entrega, fornecimento de peças sobressalentes, a garantia do produto, etc. Isto é que dá consistência ao conceito da qualidade.